terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A vida sempre anormal

Eu queria ter uma vida normal, queria ter uma família normal. Queria ter uma mãe que fosse minha amiga, que ouvisse meus problemas, que me aconselhasse e me ajudasse. Queria que reconhecessem todo o esforço que fiz ano passado estudando de manhã, a tarde e a noite, queria que soubessem o quanto cansativo é fazer isso, queria que reconhecessem quando eu tirava uma nota boa numa prova, que ficassem satisfeitos que passei de ano direto e que sempre estudei e dediquei. Sei que pode não ter sido suficiente para eu passar numa faculdade federal, sei que poderia ter me esforçado mais, mas cada um é cada um, e estou cansada de repetir sobre isso aqui, ninguém sabe como o outro se sente, não sabem o quanto cada um é capaz dentro de si mesmo, não sabem as condições que cada pessoa tem, que cada um é diferente do outro. Havia muitas coisas entaladas na minha garganta, e eu não agüentei, soltei tudo, tenho limites para suportar tudo o que tenho que ouvir, e toda a maneira de pensar da minha avo, desde sempre achando que um adolescente é incapaz de ter problemas de verdade, nunca conversando comigo, e eu descobri que ela sequer me conhece, sequer sabe como é minha vida, o que eu penso, o que eu faço. Como sempre, ela nunca acreditou que os outros fossem capaz de algo, ela sempre foi a forte, a trabalhadora e a esforçada, e todos ao redor dela nunca fizeram nada e ela nunca reconheceu ninguém, e eu não vou deixar que isso tudo que ela me disse hoje me abale, eu sei o quanto sou grata por tudo, e ela pensa que eu estou revoltada com ela, a minha vontade de sair dessa casa e de perto dela só aumenta, ela pode ter me sustentado, pode ter pagado por tudo, pode ter feito tudo por mim, mas como sempre faltou o carinho, o afeto e o reconhecimento. Estou sinceramente triste com tudo isso e por ter todas essas vontades de estar longe disso tudo, apesar de tudo é minha família, mas não quero ser como eles, viver como eles, passar pelas mesmas coisas que eles, porque são todos iguais, pessoas de gênios fortes que não compreendem a aflição do outro, que não reconhecem nada, que só enxergam os erros, que só julgam, só criticam. Eu não sei mais o que fazer, o que pensar. Só sei que não agüento mais viver nesse lugar, com essas pessoas. Estou cansada de me queixar de tudo, queria que tudo mudasse e se resolvesse logo, isso depende de mim, mas não sei o quanto sou capaz, agora não tenho mais que me preocupar só com ir bem numa prova da escola, só em fazer um trabalho de escola, só em ir para escola, porque tudo isso acabou, agora as preocupações são outras, mas ninguém esta dentro de mim para saber como eu penso, como eu me sinto sobre tudo isso, é muito fácil pra quem vê de fora, é muito fácil pensar que todo mundo é igual, e que se um consegue todos conseguem. Cansei definitivamente.

2 comentários:

Unknown disse...

Permitir é uma boa palavra.
2009 eu passei o ano com um mantra:
Não vou me permitir cometer os mesmo erros.
É uma coisa meio budista tal, minha tia quem me ensinou.

E agora, pensei em uma coisa muito boa pra você fazer. Ganhar dinheiro e estar fora do país com seu namorado se ele puder ir junto. Garanto que não é furada. Minha amiga passou um ano fazendo: Au Pair. Já ouviu falar? Procura...

Beijos. Gosto muito de você!

Anônimo disse...

A dica que sua amiga deu é muito boa, já ouvi falar também. Eu faria o mesmo se não namorasse, ou trabalharia em um navio.

Nenhuma família é tão estável quanto as que a gente vê nas novelas ou lê nos livros, Nath. Eu tive e tenho os mesmos problemas que você descreveu, e muitas outras meninas e meninos da nossa idade também tem. Infelizmente, só o que dá pra fazer é respirar fundo e lidar da melhor maneira possível com a situação. Tente pensar que mais tarde, quando você alcançar o sucesso que tanto deseja em todos os aspectos da sua vida, você será recompensada de alguma forma. Acredite nisso, e corra sempre atrás do que você quer!

Conte sempre comigo, também gosto muito de você!